Já reparou no quanto falamos sobre a passagem do tempo? Anos que passam voando, meses que não terminam nunca? A nossa percepção sobre a velocidade do tempo é tão variada que em momentos eu me pego duvidando de que o tempo realmente seja uma medida objetiva que compartilhamos com o resto do mundo.

Questionamentos à parte, acredito que deveríamos ter uma relação mais consciente com o tempo. Se sua vida parece estar passando rápido demais, com os dias escorrendo pelo ralo, e você mal consegue distinguir um ano do outro, pois eles se fundem monotonamente, isso diz muito sobre sua situação atual.

Vivemos uma generalizada falta de profundidade, que por um lado nos leva a trabalhos sem sentido e por outro à busca de prazeres cada vez mais fugazes. Nossa realidade se mostra superficial, rasa, cheia de estímulos brilhantes e barulhentos, onde tudo vira notícia velha instantaneamente e todos devem estar alegres e se divertindo o tempo todo. Tanto quanto dias entediantes em um trabalho sem sentido, essas buscas frívolas e ocas também não somam a nada quando olhamos para trás.

Ao pensar em momentos marcantes de sua vida, aposto que eles envolviam algo mais profundo, algo que lhe tirou dessa ciranda e mostrou que a sua vida poderia lhe reservar algo muito mais interessante e promissor, algo verdadeiro, capaz de criar raízes.

Falo sobre isso não para trazer angústia (eu acho esse tema muito angustiante para falar a verdade), mas para trazer uma reflexão que é sempre urgente, pois nunca sabemos o tempo que ainda temos: o que faz sua vida valer a pena? O que tem significado para você? E se você ainda não tem essas respostas, como espera consegui-las?

Uma das práticas que eu sempre recomendo para isso, e que eu mesma estou retomando esse ano, é a de ter um diário. Ter um momento do dia para entrar em contato com o seu mundo interior e perceber o que você está buscando, querendo, sentindo. Pausar e perceber o momento que está vivendo. Às vezes basta uma prática tão simples quanto essa para começar a clarear o que você deseja construir por aqui.

Ou então vá viajar, passe um tempo sozinho, vá para algum lugar onde possa estar na natureza. Encontre maneiras de silenciar todo esse tumulto externo e encontrar a sua voz no meio de tudo isso.

Sempre é tempo de experimentar coisas novas, de tentar aquilo que você sempre quis e deixou para depois. Esse sentimento de urgência é necessário. Não no sentido de viver tolamente o hoje sem pensar no amanhã, mas de perceber que estamos esperando por um empurrão que pode nunca vir.

Se quer mesmo fazer alguma coisa, aprender algo novo, expressar algo para alguém ou mesmo para o mundo, o tempo é agora. Está esperando o que? A maioria de nós deixa tudo que é de mais profundo e importante para o fim da vida; como a busca pelo significado, de fazer o que realmente se ama, construir uma prática espiritual. Acho que não temos consciência do risco que isso representa. O que você mais quer realizar ou buscar para sua vida? Como pode começar agora?